(Reuters Health) – A amamentação foi associada há tempos a vários benefícios para a saúde em bebês, e um novo estudo sugere que as bactérias transferidas das mães para os filhos podem ser, pelo menos parcialmente, responsáveis por estes benefícios.

“Os micro-organismos no leite materno se instalam no intestino do lactente, incluindo aqueles associados a efeitos benéficos, ressaltando a importância do aleitamento materno na maturação do microbioma do intestino infantil”, escrevem os pesquisadores no trabalho publicado no JAMA Pediatrics, em 8 de maio.

Eles testaram 107 pares de mães e lactentes para os micro-organismos nos seios das mulheres e no leite, e também examinaram as fezes dos bebês para determinar que tipos de micro-organismos existiam no microbioma do intestino infantil.

Embora tenham encontrado tipos distintos de bactérias no leite, no tecido mamário e nas fezes infantis, eles também descobriram que as comunidades microbianas intestinais dos bebês combinavam muito mais com as bactérias no leite e na pele de suas mães do que com amostras de outras mulheres no estudo.

Isso sugere que o leite de cada mãe foi um dos maiores contribuintes para o microbioma do intestino de seu próprio bebê.

“Nós fomos capazes de mostrar que existem bactérias no leite e que essas bactérias podem ser encontradas também em fezes infantis”, disse a autora principal do estudo Dra. Grace Aldrovandi, chefe da divisão de doenças infecciosas no Mattel Children’s Hospital na University of California, Los Angeles.

“Isso fornece evidência para a hipótese de que os microrganismos do leite são um mecanismo pelo qual o aleitamento fornece benefícios”, disse a Dra. Grace por e-mail.

Pediatras recomendam que as mães mantenham os filhos em aleitamento exclusivo até pelo menos seis meses de idade, pois isso está associado a menor risco para os bebês de infecções respiratórias e de ouvido, síndrome da morte súbita do lactente, alergias, obesidade infantil e diabetes.

As mães também podem se beneficiar, com períodos mais longos de aleitamento materno associados a menores riscos de depressão, deterioração óssea e certos tipos de câncer.

Com base em exames laboratoriais de bactérias encontradas no leite, na pele e nas fezes no presente estudo, os pesquisadores estimaram que os bebês que receberam pelo menos 75% de sua nutrição do leite materno durante o primeiro mês de vida receberam cerca de 28% de suas bactérias intestinais do leite materno. Esses bebês também receberam cerca de 10% de suas bactérias intestinais da pele das mães e 62% de fontes que os pesquisadores não determinaram.

Quanto maior o tempo de aleitamento, mais a comunidade bacteriana intestinal dos lactentes mudava para se assemelhar à encontrada no leite materno.

E em lactentes que receberam a maior parte da nutrição por meio do aleitamento materno exclusivo, as comunidades microbianas foram ligeiramente mais diversificadas, em geral, e diferentes microrganismos predominaram em comparação com bebês que foram menos amamentados.

Uma limitação do estudo é que os pesquisadores não avaliaram as origens das bactérias do leite materno ou de outras comunidades bacterianas da mãe que poderiam ter contribuído para o microbioma do intestino infantil, observam os autores. Também não avaliaram quaisquer efeitos sobre a saúde dos lactentes com base nas diferenças nos microbiomas deles.

Ainda assim, os resultados somam-se a pesquisas anteriores sugerindo que o microbioma do intestino infantil é diferente para bebês alimentados com leite materno em relação àqueles alimentados com fórmula, disse o Dr. Alexander Khoruts, pesquisador da University of Minnesota, em Minneapolis, que não participou do estudo.

“Nós sempre consideramos que a maioria desses microrganismos vem da mãe”, disse o Dr. Khoruts por e-mail. “Eles descobriram que a amamentação é a principal fonte de transferência microbiana durante os primeiros meses de vida, e eu acho que o estudo fornece evidências que suportam as recomendações atuais de amamentação exclusiva para os primeiros seis meses, e continuada até os 12 meses”.

Muitos fatores podem influenciar o microbioma do intestino infantil, incluindo a amamentação, se os bebês nasceram por via vaginal ou cirúrgica, e o uso de antibióticos, observou o Dr. Jose Clemente, um pesquisador de genética e ciências genômicas na Icahn School of Medicine,no Mount Sinai, em Nova York.

“Os efeitos benéficos da amamentação são bem conhecidos e este estudo fornece mais evidências, ao demonstrar que as bactérias probióticas encontradas no leite materno podem ser transferidas para a criança”, disse por e-mail o Dr. Clemente, que não esteve envolvido no estudo.

“O leite materno é muito benéfico, então mesmo uma pequena quantidade pode ser uma fonte de bactérias benéficas para os bebês”.

 FONTE: http://bit.ly/2qYKdnF

JAMA Pediatr 2017.


Biópsias Guiadas por Ultrassonografia e PAAF

3311-5287  /  3489-0642